4 de fevereiro de 2019

Autor Desconhecido

Sabe aquela vontade de procurar saber tudo sobre todas as coisas? (Sim, como o "Cid, O Cientista")
Eu nunca tive.
"Por que?"

Eu fui criada pra conhecer *nada*. Eu fui criada pra observar e aceitar. Fui criada pra ser a melhor versão de mim, mesmo que eu não soubesse nada de nada. Por "melhor versão", eu quero dizer "melhor que os outros".
É claro que eu nunca entendi ou concordei com isso. Eu queria buscar saber mais coisas, ser legal com as pessoas, falar sobre qualquer coisa, mas o bloqueio da minha bolha era maior do que a minha ferramenta pra sair e buscar -seja lá o que for-.

Eu passei tanto tempo ouvindo que eu devia ser melhor que os outros que hoje eu me considero uma pessoa egoísta. Eu me rebelei por um tempo, fazia só o que eu "queria", mas mesmo assim, a única coisa que eu aprendi foi que eu precisava de uma fonte de informações, e que os livros de auto ajuda que tinham em casa não seriam úteis.
Foi tanta pressão, tanto peso colocado nas costas que além do problema físico, hoje eu encaro dificuldade de manter pessoas por perto, de iniciar e terminar conversas, porque eu tenho MEDO de me relacionar com pessoas desconhecidas.

"Medo? Que medo, menina? Nós somos legais!"
É o que eu digo pra mim mesma todo dia. Eu não preciso ter medo de nada nem de ninguém (com algumas exceções). Mas eu tenho. Medo.

Medo de encarar coisas sozinha.
Medo de pessoas novas.
Medo de lugares novos.
Medo de desafios, qualquer coisa que teste o tempo em relação à minha produtividade.
Medo de qualquer tipo de mudança.

Medo de errar.
Medo de ser avaliada.
Medo de ficar entre os piores.
Medo de pensar diferente, fora da caixa.
Medo de mostrar minhas ideias.

Medo de ser eu mesma.

Depois de anos, eu venho percebendo que eu nunca me encaixei em lugar nenhum, eu nunca entendi qual era a minha vocação, eu não entendo até hoje o que preciso fazer pra mudar tudo isso.
Eu continuo com todos esses medos. E cada dia que passa, eles aparecem mais. Não maiores, só mais frequentemente. E são muitos (aqueles ali em cima) pra uma pessoa só, então acumula tudo de uma vez, é desesperador.

Eu criei um monstro dentro de mim. E fora também. A ansiedade que mora no canto direito do meu cérebro fica alerta, esperando uma novidade pra evitar.
Sair de casa? Não.
Andar sozinha em lugares que nunca fui antes? Nem pensar.
Falar com os outros? Cobrar algo de alguém? NUNCA (eu espero o tempo que for, mas não tomo iniciativa.)

Apresentar um trabalho sempre foi um problema: tremedeira, suor frio, milhares de visões sobre a avaliação do professor, "e se os outros não entenderem?", aquele branco no pensamento que me obriga a sempre ter uma cola perto pra lembrar do que eu preciso falar.

Aquela bolha em que eu vivo é muito resistente. Eu tento estourar mas as camadas parecem não acabar. "É uma bolha mesmo?"
Eu ainda tenho medo, e por causa desse medo, eu perdi muita coisa (boa e ruim, sim, a gente aprende com erros também) e se eu pudesse voltar e falar o que eu vejo hoje, talvez fosse muito diferente de como tudo aconteceu, desde meus primeiros anos.

Quero descobrir quem eu sou. Quero descobrir do que eu gosto. Quero definir as coisas que sei fazer. Quero conhecer o mundo. Quero ter a melhor ideia que EU já tive. Não precisa ser a melhor de todas, mas aquela que faça sentido pra mim. Eu quero que a minha vida faça sentido. Quero saber responder porque eu escolhi o meu caminho e porque eu não me arrisquei até hoje.

Quero ser eu mesma, e não alguém que os outros querem que eu seja. Sem medos, ansiedades, sem nenhum peso nas costas. Só ser eu mesma.